Quem é o Espírito Santo? Ele é Deus? Estudo Sobre o Espírito Santo
Quem é o Espírito Santo? Ele é Deus? Estudo Sobre o
Espírito Santo
Por Lázaro Samuel Quinhentos
O Espírito Santo é Deus, sendo denominado na teologia
como a Terceira Pessoa da Trindade. A Bíblia responde explicitamente a
pergunta sobre quem é o Espírito Santo, afirmando, especialmente, sua divindade
e personalidade, e destacando sua obra do Antigo ao Novo Testamento.
O Espírito Santo é uma pessoa
Muitas seitas do Cristianismo negam a pessoalidade do
Espírito Santo, afirmando que Ele é uma energia ou força. No Entanto, a
Bíblia é suficientemente clara ao revelar a personalidade distinta do Espírito
Santo.
Apesar do nome “Espírito” ser um gênero neutro no grego,
sempre é utilizado pronomes masculinos para se referir a Ele, o que torna
explicita a verdade de que Ele é uma pessoa distinta tanto do Pai quanto do
Filho (Mateus 3:16; Lucas 4:18; João 15:26; 16:7; Atos 5:32; Hebreus 9:14).
Aliás, a Bíblia explora de uma forma tão explicita os
atributos pessoais do Espírito Santo que sua relação com o Pai e o Filho só
pode ser entendida se também houver o entendimento de que Ele é uma pessoa
(Mateus 28:19; 1 Coríntios 12:4-6; 2 Coríntios 13:13; 1 Pedro 1:1).
Sobre a personalidade do Espírito Santo, a Bíblia fala
que Ele possui intelecto (Romanos 8:27; 1 Coríntios 2:10-13), vontade (1
Coríntios 12:11) e emoções (Efésios 4:30), de modo que suas próprias ações
refletem essa personalidade, pois Ele ensina, exorta, orienta, controla,
testifica, repreende, intercede, tem ciúme etc. (João 14:26; 15:26; Atos 8:29;
13:2; 15:28; Romanos 8:14,26; 1 Coríntios 12:11; 1 Timóteo 4:1; Apocalipse
22:17).
O Espírito Santo é Deus
O Espírito Santo aparece nas Escrituras sendo
igualmente Deus, assim como o Pai e o Filho. Tanto a formula batismal
como a bênção apostólica pronunciada pelo
apóstolo Paulo, indicam claramente essa verdade (Mateus 28:19; 2 Coríntios
13:14; cf. 1 Coríntios 12:4-6; 1 Pedro 1:2).
O próprio Jesus, ao falar sobre o Espírito Santo, se
refere a Ele como “um outro Consolador”, numa melhor tradução “um
outro Auxiliador”. Essa expressão não apenas aponta para o Espírito Santo
como uma pessoa, mas também como Deus, pois Cristo se posiciona em pé de
igualdade com Ele ao utilizar a palavra “outro”, ou seja, Ele está indicando
que o Espírito Santo é alguém como Ele.
Além do mais, são atribuídos ao Espírito Santo atributos que só pertencem a Deus,
como: onipresença, onisciência, onipotência e soberania, glória, eternidade e a
própria santidade tão singular que o adjetiva (cf. 1 Coríntios 2:10; 12:4-6;
Hebreus 9:14).
Assim, fica evidente que a Bíblia revela o Deus Triúno
nas pessoas do Pai, Filho e Espírito. O Filho é gerado eternamente do
Pai, e o Espírito procede eternamente do Pai e do Filho (João 15:26).
Portanto, o Espírito Santo é o Espírito do Pai, como
também é o Espírito de Cristo, mas não deve ser confundido como sendo a própria
pessoa do Pai ou do Filho, ao contrário, é no Espírito Santo que o Pai e o
Filho se encontram (Mateus 10:20; Romanos 8:9; 1 Coríntios 2:11,12; Gálatas
4:6). Como disse Agostinho de Hipona, o Espírito Santo é a pessoa que une o Pai
e o Filho “em um vínculo de amor”. Em outras palavras, o amor entre o Pai e o
Filho é tão grande que se revela na pessoa do Espírito Santo.
A Igreja Primitiva, desde seus primeiros dias, já
entendia e reconhecia a plena divindade do Espírito Santo. Isto pode ser notado
no episódio em que Ananias e Safaria foram castigados por terem mentido ao
Espírito Santo. Na ocasião, o apóstolo Pedro declarou explicitamente
que aquele casal havia mentido a Deus (Atos 5:3,4).
Os nomes e títulos do Espírito Santo
Ele é chamado nas Escrituras de “Espírito Santo”, tanto
como referência ao atributo divino da santidade que Ele possui por ser Deus,
como também para distingui-lo do espírito humano e dos espíritos imundos, isto
é, os demônios. A palavra “Espírito” traduz o hebraico ruach e
o grego pneuma, que possuem origem em raízes que transmitem o
significado de “soprar”.
Às vezes Ele também é chamado simplesmente de Espírito,
ou seja, sem a presença do adjetivo “santo”, mas sempre quando isso ocorre o
contexto claramente aponta que se trata do Espírito Santo (cf. Efésios 5:18).
Ele também é chamado de Espírito de Deus (Mateus 3:16); Espírito do Senhor (2
Coríntios 3:17) e Espírito de Cristo (1 Pedro 1:11).
Muito frequentemente Ele também
é denominado com nomes e títulos que fazem referência a sua obra, como por
exemplo: Auxiliador ou Consolador (João 14:16; 15:26; 16:7); Espírito da
Verdade (João 14:17); Espírito de Vida (Romanos 8:2); Espírito Santo da
Promessa (Efésios 1:13) etc.
O Espírito Santo deve ser adorado?
Sim, sendo Ele plenamente Deus, o Espírito Santo deve ser
adorado. Infelizmente é comum entre os cristãos, talvez pela dificuldade
em entender a doutrina da Santíssima Trindade,
que uma das pessoas da Trindade seja adorada mais do que as outras.
Essa é uma prática errada, pois só existe um Deus que
subsiste em três pessoas, ou seja, só há uma única essência ou substância
Divina, e que, portanto, Pai, Filho e Espírito Santo devem ser adorados de
igual maneira.
Apesar de geralmente denominarmos o Espírito Santo como
sendo a Terceira Pessoa da Trindade, isso não deve ser entendido como um tipo
de hierarquia dentro da própria Trindade em si, visto que, como já foi dito, as
três pessoas da Trindade compartilham a mesma natureza divina, uma natureza que
é indivisível. Portanto, ao Espírito Santo deve ser rendido pleno
louvor, glória e adoração, assim como ao Pai e ao Filho.
O Espírito Santo no ministério de Jesus
Nos registros do Novo Testamento, podemos perceber a ação
direta do Espírito Santo desde antes do nascimento de Jesus (Lucas 1:13-15) até
o fim de seu ministério terreno. Podemos pontuar algumas questões importantes
sobre a atuação do Espírito Santo no ministério de Jesus:
·
Humanamente falando, Jesus foi concebido por
obra do Espírito Santo. Isso fica claro no anúncio do anjo Gabriel feito a
jovem virgem Maria (Lucas
1:35).
·
Quando Jesus foi batizado por João Batista,
o Espírito Santo desceu sobre Ele. Na ocasião, Ele se manifestou na forma
corpórea como de uma pomba (Mateus 3:16; Lucas 3:22).
·
Após ser batizado,
Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, e depois, “pela virtude do
Espírito” voltou para a
Galiléia para pregar o
Evangelho do reino de Deus que
estava sendo estabelecido (Lucas 4:1-14).
·
Na sinagoga, Jesus se apresentou como o
cumprimento final da profecia do profeta Isaías, onde as
primeiras linhas diziam: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque
me ungiu para proclamar boas-novas aos pobres” (Lucas 4:18-21).
·
O Senhor Jesus, pelo Espírito, expulsou demônios
(Mateus 12:28), e, conversando com o fariseu Nicodemos, disse que
ninguém pode entrar no Reino de Deus se “não nascer da água e do
Espírito” (João 3:5).
·
Por fim, como escritor do livro de Hebreus ressaltou, o Espírito Santo foi quem sustentou Jesus
durante toda sua obra redentora (Hebreus 9:14).
A obra do Espírito Santo
A obra do Espírito Santo é destaca em toda a Bíblia
desde o início. O livro de Gênesis, em suas primeiras palavras,
declara que o Espírito de Deus movia-se sobre a face do abismo (Gênesis 1:2).
Na Criação, o Pai criou todas as coisas através do Filho pela agencia do
Espírito Santo (Jó 26:13; João 1:1-3).
Portanto, é o Espírito Santo
que age como doador da vida (Jó 33:24), e depois também concede aos homens
habilidades naturais que os qualificam para que estes possam viver neste mundo
criado.
A obra do Espírito Santo na salvação
O Espírito Santo desempenha
tarefas específicas com relação à história da redenção. Foi Ele quem inspirou as Escrituras, isto é, os autores bíblicos “falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2
Pedro 1:21). Logo, Ele é o grande autor da revelação de Deus registrada através
de sua Palavra aos homens (Ezequiel 2:2; Zacarias 9:30; 1 Coríntios 2:12,13).
Muitas pessoas acreditam que o
Espírito Santo agia de forma diferente nos tempos do Antigo Testamento,
especialmente no sentido de não habitar permanentemente nos homens. Esse
raciocínio leva a uma diferença qualitativa na forma de agir do Espírito Santo
quando comparados os tempos do Antigo e Novo Testamentos.
Todavia, o ensino bíblico aponta
para outra direção, isto é, a ação do Espírito Santo, ainda no Antigo
Testamento, era essencialmente a mesma que pode ser notada após o Pentecostes. Isso significa que só há uma diferença quantitativa, isto
é, no Novo Testamento, após o Pentecostes, sua ação passou a ser mais intensa e
percebida, sobretudo com a internacionalização da Igreja.
Com base nisso, então podemos
dizer que no Antigo Testamento o Espírito Santo preparava o povo escolhido do
Senhor para aguardar a redenção através da pessoa do Messias prometido que
haveria de vir, isto é, o Espírito Santo regenerava, convencia do pecado,
santificava, ensinava e capacitava os santos a crer no Messias vindouro.
Após a vinda do Messias, sua
ação continuou sendo a mesma, com a diferença de que os redimidos, diferente
dos tempos do Antigo Testamento, agora creem no Cristo que já veio, já
foi sacrificado no Calvário, que está exaltado junto ao Pai, e em breve retornará para
buscar o seu povo.
Portanto, com relação à
economia da salvação, podemos dizer que Deus o Pai planejou e elegeu seu povo,
o Filho executou o plano salvífico, e o Espírito Santo confirma a obra da
redenção, aplicando os benefícios da salvação aos redimidos. Estes justificados, pelo Espírito Santo são regenerados,
santificados e edificados. Logo, todos os esforços na evangelização e no discipulado só são produtivos pela ação do Espírito
Santo, que atrai o pecador à mensagem do Evangelho.
Assim, Ele habita nos crentes,
é seu intercessor, os ensina na verdade, os capacita dando-lhes dons
espirituais, os conduz à santificação contínua, os guia em toda verdade, gera neles o fruto do Espírito que contrasta com as terríveis obras da carne, e os preserva firmes até o fim, pois Ele próprio é o selo que
marca o povo de Deus, a garantia que concede a certeza da salvação aqueles que
foram justificados (João 14:17,26; 16:13; Romanos 8:9-26; 1 Coríntios 2:12-16;
6:19; 2 Coríntios 1:22; 5:5; Efésios 1:13,14; 2:21,22; Gálatas 5; Hebreus 2:4;
10:5).
Em poucas palavras, Martinho
Lutero forneceu uma excelente resposta sobre quem é o Espírito Santo, ao dizer
que por sua própria razão ou força ele jamais poderia crer em Jesus ou vir a
Ele, mas o Espírito Santo o chamou pelo Evangelho, o iluminou com seus dons, o
santificou e conservou na verdadeira fé.
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